De dedo em dedo
Vais tecendo os sentimentos
Entre linhas que aspiram as paixões e as borboletas
De asas partidas que se enrolam no peito
Pelos teus dedos
O teu corpo de mulher se avizinha
Pela sombra escondida
Natureza morta pela nascença que não permite
Que sejas bonita pela manhã e bela pelas tardes
Onde o sol reflete o seu anoitecer
Nesse horizonte de seres forma e doce feminina
Pelo tecer do teu pano
Vem preto, negro vestido que assombra o teu íntimo
De ignorância e triste destino
De dedo em dedo
Vais tecendo os sonhos que não podes criar
Ou as ilusões que não deves amamentar
Pois na tua sede de gritar
Amarram-te a voz pelo tecido que
De dedo em dedo
Foste tecendo mesmo debaixo do teu olhar.